
O alumínio ocupa o segundo lugar em importância, entre os metais, na economia mundial, e a produção nacional conta com o pioneirismo da Eletro-Química do Brasil, a Elquisa, produtora do primeiro lingote de alumínio no país, em 1945. Mais tarde, essa empresa seria adquirida pela Aluminium Company of Canada, a Alcan. Além dela, a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), proprietária de importantes jazidas de bauxita na região de Poços de Caldas, Minas Gerais, também desempenhou um papel importante no processo. Após ser vendida para o grupo Votorantim, ainda na década de 40, passou a ser a maior empresa privada nacional do ramo, especializada em alumínio, depois em zinco, e, por fim, em níquel.
O setor do alumínio começou a se beneficiar de investimentos estrangeiro durante a Primeira Guerra Mundial, através da participação da Aluminium Company of America (Alcoa), e a Aluminium Company of Canada (Alcan). Voltadas, a princípio, para a produção de semi-acabados, produziam, já nos anos 50, o alumínio primário, contribuindo com o desenvolvimento dessa indústria no país. O IPT, por meio do trabalho e dedicação de técnicos designados, havia desenvolvido, ainda na década de 40, experiências significativas na Usina Experimental de Apiaí, estabelecendo processos para a fabricação do chumbo.
As indústrias de equipamentos, elétrica, eletrônica, automobilística e de eletrodomésticos seriam beneficiadas pela introdução no Brasil dos princípios da metalurgia do pó, implantados aqui após o retorno do professor Vicente Chiaverini de sua viagem de estudos aos Estados Unidos. Duas únicas empresas atuavam no setor de pós metálicos quando já estávamos no meio da década de 60, com uma produção relativamente pequena para um mercado em franco crescimento. A Combustol Indústria e Comércio Ltda., nessa época, incluiu em sua fábrica um laboratório voltado para pesquisas relativas à metalurgia do pó, resultando em projetos pioneiros na fabricação de equipamentos para a produção de pós metálicos.
No princípio, a metalurgia do pó era vista apenas como uma nova técnica utilizada para a produção de alguns materiais não-ferrosos, tais como metais refratários, metal duro, ligas de bronze, etc. Mais tarde, invadiu o setor ferroso, onde, ainda hoje, merece destaque. A Combustol, citada como pioneira, não foi a única a marcar presença nesse setor. Empresas independentes também exerceram papel importante: a Brassinter, a Sandvik, a Cervin, e MEPS e outras ligadas ao setor de autopeças ou mecânico, como a Cofap, a Metal Leve ou a Singer.
Mas foram as modificações introduzidas no Código de Mineração e uso do solo, realizadas a partir de 1964, que provocaram o mais notável surto de crescimento no setor, estimulado pela possibilidade de contar com investimentos estrangeiros. Grandes projetos ligados à exploração de minérios como o manganês, o nióbio, o ouro, o alumínio e o ferro são implantados na década de 70. Em 1972, os metais primários - como o alumínio, o chumbo, o cobre, o níquel, o estanho e o zinco - atingiriam uma produção superior a 219 mil toneladas, ou seja, aproximadamente 52% do consumo interno. A implantação de um novo modelo de desenvolvimento se beneficiaria da utilização de capital privado nacional, estrangeiro ou estatal. O Estado passou a interferir na área mineral, impondo uma estrutura institucional de apoio e de incentivo ao setor e a intenção de incorporação econômica da região amazônica. Novas companhias foram criadas para estimular o desenvolvimento de um programa de prospecção e pesquisa geológica em solo brasileiro, além de outros mecanismos de incentivo à pesquisa mineral e mineração, capazes de gerar condições para a entrada de empresas privadas no setor.
A principal conseqüência dessa política de desenvolvimento arquitetada no começo do regime militar foi o surgimento do Conselho Nacional de Siderurgia (Consider), para coordenar os projetos siderúrgicos, integrando, em seguida, a metalurgia dos não-ferrosos. Projetos vultuosos foram implantados: a criação da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM); a Amazônia Mineração S.A. (Amza); os projetos Tucuruí/Albrás/Alunorte, liderados pela Companhia Vale do Rio Doce; e o projeto Alumar, gerenciado pela Alcoa. Havia, ainda, a necessidade do rompimento das importações de produtos siderúrgicos e de não-ferrosos, especialmente o alumínio, o cobre e o zinco, além de cimento e fertilizantes. Iniciou-se, nesse mesmo período, a consolidação do parque industrial nacional de ferroligas. O carvão passa a ser visto como o produto que despertaria maior interesse para o setor energético, pela capacidade de reduzir o consumo de petróleo.
A participação do setor de mineração contribuirá sobremaneira para a produção e fornecimento interno dos não-ferrosos, pela expansão dos setores já existentes e pela implantação de novas áreas de pesquisa e exploração de minérios. A transformação de metais não-ferrosos fez contraponto às modificações da metalurgia primária, atingindo uma capacidade de produção, onde a quantidade e a qualidade estão aptas para abastecer o mercado interno e atender, em parte, as demandas do mercado externo. A descoberta de novas jazidas de minérios ricas em volume e qualidade, e o estágio de aperfeiçoamento das técnicas de mineração que já havia sido atingido, destacaram o Brasil na produção minero-metalúrgica do mercado internacional. Essa situação advém, especialmente, do aumento de produção de ouro, do minério de ferro e do estanho de Pitinga. O alumínio foi o principal destaque na indústria da eletrometalurgia, e, na indústria minero-metalúrgica dos não-ferrosos, o ouro, o estanho, o níquel, o zinco, o chumbo, o cobre e o nióbio foram os principais destaques.
Alumínio
No setor dos não-ferrosos, a indústria de alumínio destacou-se como a que mais investiu e se desenvolveu na década de 80. Até 1982 o Brasil era um dos grandes importadores desse produto. Dois anos depois o alumínio já era exportado e, em 1988, as exportações atingiram um volume total de cerca de 565.000 toneladas. As exportações do alumínio e da bauxita, somadas, atingiram um valor na ordem de 1,5 bilhão de dólares. Alcoa, Billiton, CBA e CVRD são algumas das empresas que contribuíram para alcançar uma produção total de alumínio, em 1998, de 11.704.700 toneladas, elevando o Brasil à categoria de quarto maior produtor do metal no mundo. Quanto à matéria-prima necessária para a produção de alumínio, o país possui a terceira reserva mundial, respondendo por 17% do total, e é grande exportador desse minério, ficando atrás apenas da África Equatorial e da Austrália. Estão hoje em atividade mais de 300 empresas transformadoras, que empregam mais de 170 mil profissionais da área. O Anuário Mineral Brasileiro registrou, em 1991, uma produção nacional de bauxita bruta equivalente a 15.300 milhões de toneladas, enquanto a de bauxita beneficiada foi de 10 milhões de toneladas. As exportações atingiram 826.000 toneladas de produtos semi-acabados.
Ouro
A introdução de novas técnicas e a abertura de novos focos de exploração, elevaram o Brasil à categoria de quinto produtor mundial de ouro. A Mineração Morro Velho S.A., maior produtora no país, atuando em Minas Gerais, Bahia e Goiás, produziu, em 1978, 8,6 toneladas de ouro. Destaca-se nesse processo como a atual exploradora da Mina de Morro Velho, hoje denominada Mina Grande, a mais antiga mina de ouro em operação no Brasil, cujo início das explorações se deu em 1834. A descoberta de ouro em Serra Pelada provocou uma corrida descontrolada ao local, além da recuperação de antigas minas e a exploração de novas jazidas. Somados, esses fatores elevaram a classificação do Brasil no ranking de produtores de ouro. Embora mantenha sua projeção no mercado externo, a produção de ouro vem sofrendo queda anual pela própria dificuldade de exploração. Foram 70.000 kg produzidos em 1994, 60.200 kg em 1996, e 49.000 no fechamento preliminar de 1998. O baixo preço no mercado internacional e o esgotamento dos depósitos superficiais mais ricos nas áreas de garimpo contribuíram para a queda da produção.
A indústria joalheira continua sendo o maior setor de consumo de ouro no mundo, embora também seja utilizado na eletrônica e na odontologia. O ouro amarelo, em suas diversas tonalidades, é obtido nas ligas com prata, cobre e zinco; e para a obtenção do ouro branco, a prata é substituída pelo níquel. A maior parte desse ouro é de 14 quilates.
Estanho
A exploração desse minério origina-se da exploração da cassiterita na Amazônia. Utilizado especialmente na produção de folhas-de-flandres, tem 90% da sua produção destinada ao setor de embalagens e manufaturas de ligas para soldagem. É também utilizado no bronze, em ligas para mancais, na fabricação de peças ornamentais e produtos químicos. O Brasil detém, hoje, a quarta reserva mundial desse mineral, e é considerado o principal produtor mundial de estanho, exportando 80% de sua produção que vem oscilado ano a ano, com altas e baixas decorrentes da progressiva exaustão das reservas, diante de um quadro de preços deprimidos. Segundo o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), o concentrado de cassiterita, em termos de metal contido, fechou 1998 com uma produção equivalente a 14.600 toneladas, 23,4% inferior ao ano anterior.
Zinco
É bastante utilizado nos setores da agricultura, pecuária, ferroviário, elétrico, construção civil, entre outros, aplicado como revestimento metálico para evitar corrosões. Também é empregado em ligas de utilização industrial para fundição sob pressão, na indústria automobilística, de eletrodomésticos e na produção de componentes de vários segmentos industriais. Sua importância se deve às suas propriedades anticorrosivas. A produção atual, supre em 81% as necessidades de consumo interno e a porcentagem descoberta é completada pela importação do metal primário. Em 1998, a produção nacional atingia 152.300 toneladas, quase integralmente de metal primário.
Chumbo
É empregado, principalmente, na fabricação de acumuladores de energia, na produção de soldas de baixo ponto de fusão, na produção de compostos organo-metálicos, utilizados como aditivo de gasolina, no revestimento de cabos elétricos, na fabricação de tintas anticorrosivas, mancais para vários tipos de máquinas, baterias para automóveis, construção e indústria química. A partir do desenvolvimento da indústria automobilística e de acumuladores, seu consumo e peso econômico adquirem expressivo significado. Como aditivo, vem sofrendo declínio constante, devido aos problemas de poluição atmosférica, o que é compensado pelo seu uso como agente protetor da radiação de raios X. É de grande utilidade nas paredes de hospitais e também é utilizado como proteção para a radiação nuclear. Em 1988, a produção primária desse metal alcançou, no Brasil, 29.400 toneladas, a secundária (recuperação de sucata) atingiu 68.680 toneladas, e a importação de metal primário chegou a 34.000 toneladas.
Cobre
Um dos mais antigos metais não-ferrosos transformados pelo homem, o cobre tem fundamental importância nas indústrias elétrica e eletrônica, na engenharia industrial e construção civil, nas indústrias de transportes, automobilística, de construção naval, aeronáutica e ferroviária, além de diversas outras aplicações como cunhagem de moedas, fabricação de armas e munições, indústria alimentícia, de embalagens, farmacêutica, de equipamentos e produtos agrícolas, de tintas e pigmentos, joalheira, etc. As reservas brasileiras desse metal somam 11 milhões de toneladas, e durante muito tempo quase toda a necessidade brasileira era coberta por importações. Esse panorama começou a mudar a partir de 1982, com o início das operações da Caraíba Metais S.A, a princípio constituída como empresa estatal, e posteriormente privatizada. Em 1998, o país registrava uma queda sensível no volume de produção de cobre (foi da ordem de 33.500 toneladas, 14% inferior ao volume obtido no ano anterior).
Quase todos os setores da indústria minero-metalúrgica alcançaram sua auto-suficiência, pela sua atuação na extração e transformação de não-ferrrosos, e pela capacidade de trazer divisas para o Brasil, através das exportações. Em 1998, a utilização da capacidade de produção da indústria de mineração atingiu 79%, ou seja, 21% de ociosidade nominal. Por bens minerais, os mais altos níveis operacionais ocorreram no nióbio (100%), alumínio (98%), grafita, potássio e rocha fosfática (90% cada). Os índices mais baixos ficaram por conta da magnesita e do cobre, com 60% e 63%, respectivamente.
Fonte: ABM – Associação Brasileira de metalurgia, materiais e mineração
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